(supostos) poemas de meia tigela para pessoas que sentem muito e tudo.

os temas são sempre os mesmos: um mergulho nas experiências da vida, a atomização da música e da sétima arte, o desejo pelo amor e outras histórias.

  • quando faltam palavras

    No meio do nada

    A internet falha

    E me faltam palavras

    Para materializar as cargas da alma

    
    
    
    
    

    Me restam um cérebro e uma caneta

    Um vocabulário de quase três décadas inteiras

    Ainda assim, não se fecham os versos

    Há um vazio no lugar da maçaneta

  • o que vem depois do temporal?

    Palavras, métricas, rimas, festas

    Nada supre a sua ausência que ainda se manifesta

    E a saudade dentro de mim prolifera

    Não se dispersa, nem cessa 

    E não obstante, me arremessa com pressa

    Sem sequer que eu peça 

    Para as tardes ouvindo MPB se curtindo a beça

  • eu sou o agora

    A travessia é lenta

    Mas o destino sempre chega

    A prisão é somente mental

    A vida segue normal

    Solte as amarras, suba a âncora

    Grite ao vento: 

                                   eu sou o agora! 

  • lacunas

    Que o nada hoje habitante em mim

    Possa, ao menos, tornar-se palavras

    Para que os não-sentimentos não sejam em vão

    Enquanto prossigo averso a vida passante na lateral da estrada

  • figura de linguagem

    De todos os adjetivos a mim já atribuídos

    Metafórico, talvez, seja meu favorito

    Gosto de me imaginar percorrendo as conotações do que eu digo

    Me ver passar por todos os canais para além do pé do ouvido

  • campo elétrico da dor

    A cura se encontra no extremo oposto da fonte de dor

    Reside em um local sereno lá no infinito

    Mas por mais distante que pareça em si

    O infinito é logo ali

  • eu não sei dizer adeus

    Eu não sei dizer adeus,

    e com isso me preocupo.

    Eu não sei dizer adeus,

    e por isso me ocupo.

    Eu não sei dizer adeus,

    já não mais me culpo.

    Eu não sei dizer adeus,

    hoje eu já me desculpo.

  • tapa-boca

    Um só?

    Não, serão muitos

    Intensos e difusos

    Trepidando ao acontecer

    Como notas de prazer

    No cair das gotas

    Agradeço pelo ver

  • fogo morto

    Nas cavernas do meu coração

    No local onde posso mentir para todos, exceto para mim

    Reluz ao fundo essa minha versão

    Que incandesce sem queimar

    Como uma brasa que lentamente caminha para seu fim

  • vozes da cidade

    Entre meias palavras e meias verdades

    Sigo cruzando a noite por todas as ruas da cidade

    Tentando encontrar algo que nem eu mesmo compreendo

    Mas que me mantém no caminho, enfrentando todos os contratempos

    
    
    
    
    

    E persisto nessa busca, até que eu trombe com este algo indefinido

    Mas que de alguma forma, de algum lugar desconhecido

    Ouço sussurrar em meu ouvido

    Dizeres que me chamam para o infinito

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